2.3.08

amarelochumbo ou algodãoopesado

obvio. quem nao acha bonito o sol se pondo? quem nao fala disso? quem nao escreve e escreve, repetidas vezes, repetidas linhas sobre esse fenomeno, repetição incansavel?
sim sim. mas quem sabe, sabe. eu nunca gostei de sóis se pondo. dos tons. das sensações. do luscofusco. sabe no blade runner, quando ele voa em direção ao complexo da Tyrell, aquela piramide preta em constraste com o céu alaranjado? é como uma fotografia da dor, do medo. pra mim é claro, e quem explica?




mas hoje. hoje eu nao sei.



havia uma grande bagunça. um lindo caos. nuvens de todos os tipos acumuladas no extremo oeste, proximas do horizonte. espessas.
e acho que provavelmente eram de cor cinza antes de serem iluminadas pelo ouro que as pintou de amarelochumbo. e por entre os dedos das nuvens escaparam luzes, cores, como numa explosão em um desenho qualquer de um heroi qualquer... sabe? aquelas bolas de fogo com ranhuras vermelhas...... quase isso.....so que amarelochumbocinza, em duas linhas perfeitas deixando clara nossa insignificância. gabando-se de seu volume. tamanho. e não era tudo: abaixo haviam nuvens limpidas e brilhantes...ofuscadas. ofuscantes. sacras. e acima, apesar de todas essas nuvens, montanhas, serras, doces e sismicas, haviam pequenas falhas, sensuais, que sussuravam a certeza de que ali atras ainda reinava pacifico um ceu de brigadeiro, azul como nada mais em lugar algum.


milhões de camadas. milhões de cores. porque nuvens nao sao azuis ou brancas. sao verdes, cinza, amarelas, roxas, negras, brancas, beges!! ao mesmo tempo, todo o tempo...e tudo que podemos ver é colorido dessa mesma forma, por mais que insistamos em acreditar que temos o poder de escolher as cores daquilo que compramos! construímos ou adoramos ou planejamos.


sabe. eu queria que as nuvens fossem tao fofas e densas quanto elas parecem, e que eu pudesse sentar sobre elas....mas eu descobri que não é assim....e que não há luta nenhuma que vá me trazer isso...



kaspar david friedrich - mar polar

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